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Milhões de brasileiros ficaram sem acesso a filmes, séries e futebol após ação liderada na Argentina. Especialistas apontam falhas no modelo de consumo digital que empurra usuários para a pirataria.
O que parecia ser apenas mais um sábado comum virou um verdadeiro apagão digital para milhões de brasileiros que dependiam de serviços de streaming pirata — os famosos “gatonets” — para assistir filmes, séries e partidas de futebol. A operação internacional contra pirataria audiovisual, iniciada na Argentina, desmantelou mais de 30 plataformas ilegais, incluindo nomes populares como My Family Cinema, TV Express e Eppi Cinema.
Esses serviços, que cobravam entre R$ 16 e R$ 27 mensais, chegaram a reunir mais de 6 milhões de assinantes ativos, sendo 4,6 milhões só no Brasil. Com estrutura técnica espalhada por países como China e Argentina, o esquema movimentava cifras bilionárias e operava com direito até a setor de RH e funcionários contratados legalmente — um “Netflix do submundo”, com crachá e tudo.
A queda repentina gerou uma enxurrada de reclamações nas redes sociais e no site Reclame Aqui. Muitos usuários, mesmo conscientes da ilegalidade, exigem reembolso e se dizem lesados pela falta de aviso. A mensagem de despedida do My Family Cinema, por exemplo, foi quase poética: “Esperamos que nosso produto tenha proporcionado boas lembranças para você e sua família”.

Embora não tenha participado diretamente da operação, a Anatel aproveitou para reforçar seu plano antipirataria, que já bloqueou 24.700 IPs, 4.428 domínios e apreendeu 1,5 milhão de TV Boxes ilegais desde 2018. O órgão alerta que esses dispositivos não homologados podem abrir brechas para ataques cibernéticos e roubo de dados.
Debate sobre tema polêmico continua
A operação reacende o debate sobre o acesso à cultura e entretenimento. Enquanto plataformas legais cobram valores cada vez mais altos e fragmentam conteúdos em múltiplas assinaturas, os serviços piratas ofereciam uma solução “low cost” — ainda que ilegal. O bloqueio, embora necessário do ponto de vista jurídico, escancara uma realidade: milhões recorrem à pirataria não por malandragem, mas por falta de alternativas viáveis.
