
Uber e iFood, os dois principais players do Brasil no segmento de serviços por aplicativos, vão unir suas operações no Brasil para enfrentar a concorrência. A parceria estratégica entre Uber e iFood no Brasil permitirá a integração dos serviços das duas plataformas. Com essa colaboração, os usuários do iFood poderão solicitar corridas da Uber diretamente pelo aplicativo do iFood, enquanto os usuários da Uber terão acesso aos serviços de entrega de comida, mercados, farmácias e conveniência do iFood dentro do aplicativo da Uber.
A integração começará a ser disponibilizada em cidades selecionadas na segunda metade do ano, e promete ampliar de modo significativo a base de clientes de cada empresa.
Movimento antecipa ataque
O anúncio é uma antecipação às movimentações já iniciadas de empresas chinesas sobre ambos os segmentos, transporte de passageiros e delivery de restaurantes e conveniência. O principal ataque vem da 99, principal concorrente da Uber em solo nacional. A empresa que nasceu no Brasil e hoje é controlada pela gigante chinesa Didi, anunciou a volta do seu serviço 99Foods, unificando os segmentos de serviços de passageiros e delivery, assim como o anunciado por Uber e iFood.
Além disso, a Meituan, outra gigante chinesa, anunciou recentemente um investimento de R$ 5 bilhões para entrar no mercado brasileiro com sua marca Keeta, de delivery de restaurantes e conveniências.
Foco é praticidade
Na nota conjunta, as empresas afirmam que a parceria tem como principal objetivo tornar o dia a dia dos brasileiros mais prático, reunindo os serviços de mobilidade e entrega em um só lugar. Com essa integração, os usuários poderão organizar seus deslocamentos e realizar pedidos de refeições ou compras sem precisar alternar entre diferentes aplicativos.
Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, destacou a importância da união com o iFood no Brasil, mencionando que, atualmente, apenas cerca de metade dos usuários utilizam ambas as plataformas regularmente. Segundo ele, essa colaboração representa um avanço significativo na missão da empresa de facilitar o acesso das pessoas a transporte e produtos com apenas um toque.
Por sua vez, Diego Barreto, CEO do iFood, ressaltou o impacto transformador das duas empresas no cotidiano dos brasileiros. Ele afirmou que essa nova integração representa um grande passo na inovação conjunta, oferecendo uma maneira mais eficiente de acessar serviços essenciais. Barreto também acredita que a parceria contribuirá para o aumento dos pedidos em restaurantes, mercados, farmácias e lojas de conveniência, além de gerar mais oportunidades de renda para entregadores e motoristas.
Motoristas de aplicativos esperam regulação há anos
O recente investimento em novas plataformas de delivery e transporte de passageiros tem o potencial de melhorar significativamente as condições de trabalho dos motoristas que dependem desses serviços para sua renda. Com a regulamentação do setor em discussão, medidas como a definição de uma remuneração mínima e a limitação da jornada de trabalho a 12 horas diárias estão sendo propostas para garantir maior estabilidade financeira e segurança aos trabalhadores.
Além disso, a transparência na relação entre motoristas e empresas está sendo reforçada, com a exigência de relatórios mensais detalhando os critérios de remuneração e as condições de trabalho. Essas iniciativas buscam equilibrar a flexibilidade do trabalho autônomo com direitos básicos, proporcionando melhores condições para os profissionais que atuam na economia digital.
Entre as principais reivindicações dos motoristas estão a garantia de um pagamento mínimo por hora trabalhada, a possibilidade de cadastro em múltiplas plataformas sem exclusividade e a proteção contra desligamentos arbitrários. Muitos trabalhadores também pedem maior segurança jurídica, especialmente em casos de acidentes durante o serviço.
A regulamentação em debate prevê contribuições ao INSS e benefícios como auxílio-maternidade, o que pode representar um avanço na proteção social desses profissionais. No entanto, há desafios a serem enfrentados, como a necessidade de ajustes na remuneração para cobrir custos operacionais e a fiscalização das novas regras para evitar abusos. O impacto dessas mudanças será crucial para definir o futuro do trabalho em plataformas digitais no Brasil.